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terça-feira, 5 de junho de 2012

Com TNT, a UPS avança na Europa, Brasil e Austrália

Autores: Robert Wright e Matthew Steinglass


Financial Times, de Londres e Amsterdã - Scott Davis, CEO da UPS, diz que após a fusão terá de se perguntar como poderá apresentar novos produtos aos clientes.


Scott Davis, executivo-chefe da UPS, quis passar a ideia de que havia completado ontem um quebra-cabeça apenas ligeiramente complicado, depois de ter anunciado a aquisição, há muito esperada, da TNT Express.



A empresa de logística dos Estados Unidos terá uma peça vital que lhe faltava: as operações de transporte rodoviário de carga na Europa. As atividades da TNT Express na Austrália e Brasil preencherão alguns dos espaços vazios nos cantos do quebra-cabeça. A fusão das duas redes de transporte aéreo das empresas completará o quadro.

A questão é se Davis conseguirá unir todas as peças tão suavemente como sugeriu que fará ou se algum solavanco inesperado poderá derrubar todas as peças no chão.

Entre os obstáculos podem estar exigências mais rigorosas do que as esperadas para que as autoridades de concorrência aprovem o acordo e possíveis problemas operacionais ou com sindicatos descontentes com perdas de empregos. Também há dúvidas quanto ao impacto financeiro com os € 5,16 bilhões que o grupo dos EUA ofereceu pelas ações da TNT.

As primeiras sacudidas poderiam vir das autoridades antitruste da Europa, caso concluam que o acordo reduzirá a concorrência no setor, que vem se consolidando rapidamente.

Davis considerou "simplista demais" a ideia de que ele estaria redesenhando o cenário de concorrência na logística europeia, onde quatro grandes operadoras - a DHL, da Alemanha, a FedEx, dos EUA, a TNT Express e a UPS - são as grandes forças.

"Há muitos concorrentes na Europa", disse Davis. "Os [correios nacionais] são importantes concorrentes por si só. Há muito mais do que DHL e FedEx".

A UPS esforçava-se ontem para retratar o acordo como a fusão de duas redes complementares, que incrementará o crescimento orgânico. "Temos produtos complementares", disse Davis ao "Financial Times".

A empresa combinada terá de se perguntar como poderá apresentar novos produtos aos clientes depois da fusão, observou Davis. Também terá de se perguntar se há oportunidades para aumentar a receita das operações combinadas. "Podemos aumentar os negócios com a mesma estrutura sem ter de expandi-la muito?", perguntou o executivo-chefe.

Embora tenha ressaltado a pouca sobreposição de atividades das duas empresas, a UPS apresentou como peça-chave na lógica por trás da transação a chance de conseguir economia de custos anual, antes dos impostos, de €400 milhões a € 550 milhões por ano, depois de quatro anos da conclusão da transação.

A maior economia virá do alinhamento das operações aéreas das duas empresas, segundo o diretor de finanças da UPS, Kurt Kuehn. A seguir, vêm outras áreas, como a de funções de escritório e administrativas.

As regras de concorrência do setor aéreo levarão a UPS a ter de vender o controle das operações aéreas da TNT, embora possa tentar arrendar de volta a capacidade de transporte dos novos donos.

Daniel Brutto, chefe da divisão internacional da UPS, também indicou que o centro de transporte aéreo de cargas da TNT Express, em Liège, na Bélgica, deverá ter parte das operações transferidas para o centro da UPS em Colônia, embora a posição estratégica da cidade belga lhe confira vantagens. "Colônia é o futuro de nossas operações aéreas", disse Brutto.

Fusões anteriores de empresas de logística - especialmente a compra da P&O Nedlloyd, terceira maior linha de transporte marítimo de contêineres, pela AP Møller-Maersk - mostram que o potencial de integração no setor pode encontrar complicações. Depois da combinação, a Maersk Line teve sérios problemas quando um novo sistema de tecnologia da informação não funcionou bem.

Davis, apesar disso, insistiu que o processo de fusão da UPS/TNT vai ser "muito calculado" e exigir quatro anos e € 1 bilhão para assegurar que os clientes continuarão recebendo bons serviços. "Esta é uma integração com o cliente em primeiro lugar", disse Davis.

Os desafios de concluir uma fusão - e a atual debilidade da economia europeia - não serão grande obstáculo em comparação às grandes vantagens estratégicas que a nova empresa terá, de acordo com Scott.

"Não estamos pensando apenas nos próximos dois, três ou quatro anos", disse Davis. "Somos uma companhia que investe para os próximos 20 ou 30 anos".

(Colaborou Jeremy Lemer, de Nova York)

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